Centro de Estudos Neo-Reichiano



A Energia do Sonho
Por Jean-Marc Guilherme - Trainer Internacional De Análise Bioenergética
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A energia está no centro do processo da vida tanto quanto das preocupações do planeta. Assim se poderia escrever a história do mundo como a história da energia desde a guerra do fogo até a guerra do Iraque: como ter o controle da energia?
Tudo no ser vivo é energia. Isso é à base de nossa teoria e de nossa prática. “A bioenergia é o meio de compreender a personalidade através do corpo e dos processos energéticos que se desenrolam lá (“Lowen prática Bioenergética”) “Reich considerava o processo energético como pulsação e propagação de ondas de excitação podendo ser sentidas como correntes que atravessam o corpo” (“ A espiritualidade do corpo” Lowen).
Esta concepção da energia constitui a base da terapia:
• Reduzir as tensões que impedem ou perturbam a pulsação
• Favorecer uma vibração global
• Permitir o acesso ao prazer de estar vivo
E o sonho em tudo isso?
O que o sonho vai fazer lá?
O sonho é uma reserva de energia.
Uma forma de energia secreta, escondida, misteriosa.

A maioria dos sonhos tem um conteúdo energético implícito ou explícito que só se pode ser explorado energeticamente se formos capazes de nos liberar do peso, do hábito da interpretação.
A interpretação bastante subjetiva, às vezes projetiva, pode ter o resultado de negligenciar, ignorar ou congelar o conteúdo e o trabalho energético do sonho.
Como a energia se manifesta no sonho?

1. Com a presença freqüente dos quatro elementos naturais
• Água particularmente: mar, lago, rio.
• Umas vezes, fogo, vulcão.
• A terra: caminho, estrada, rodovia.
• Mas raramente o ar: vento, tormenta.

2. O movimento energético é comum. O sonho é o movimento nas quatro direções:
Voar_________________________________________Cair
Fugir________________________________________ Aproximar



Trabalhamos com as energias de dois tipos:

Energia agressiva _____________Energia sexual

(o movimento pode ser também congelado – expressão do medo
paralisante)

3. Com a expressão energética das necessidades:
• Oralidade: comer, beber, lamber, morder.
• Analidade: sujar, explodir.
• Sexualidade: seduzir, fazer amor.

4. Com a ação:
Luta perseguição, apreensão.

5. Com a energia sexual:
Particularmente nos sonhos eróticos.

Assim em quase todos os sonhos vamos encontrar uns ou outros índices energéticos. Que fazer com isso?
1) Como terapeuta vou me deixar cativar, fascinar com o elemento energético de se impõe. Ele é como a chave do sonho. Vou incorporando o meu modo, me deixar pegar com ele. Ressoar ao mesmo tempo. Vou pedir ao sonhador para expressar verbalmente o que se passa ao nível da sensação ou da recordação.
2) Observo o corpo com uma visão de “travelling” (como durante uma filmagem) par adivinhar como a energia particular do sonho está incorporada.
3) Vou criar um dispositivo para viver o sonho a partir de minha hipótese firmada, contestada, desconfirmada com o cliente.
4) Observo as mudanças ao nível da circulação energética, com ou sem conotação, apreciação. (Isso segundo muitos parâmetros: a transferência, a fase da terapia, o caráter de cliente).

Aqui estão 2 exemplos clínicos recentes ilustrando o trabalho energético do sonho.
1- “Estou passando com minhas duas crianças à borda de um rio. Os meninos descem a margem, tento impedí-los. Não me obedecem. Tenho real medo que caiam na água”.
Esta mãe luta contra crianças adotadas hiper ativas com problemas de limites. Ela também tem que controlar sozinha tantas coisas para enfrentar a realidade e um marido psicopata inconsistente com quem não tem mais vida sexual.
Se olharmos este sonho de um ponto de vista energético, observamos um movimento de desmoronamento. Abaixo corre o rio.
A sonhadora tem tanto medo de escorregar que tenta agarrar-se. Ao mesmo tempo, como diz Lowen “a única saída está abaixo”.
O corpo da sonhadora é rígido, esgotado particularmente nesse dia. Aqui o sonho vai ser explorado através do movimento de queda e de sensação do colchão como um rio. Ao fim do trabalho energético, ela vai sentir-se com uma respiração mais ampliada, uma circulação energética entre boca e vagina e vibrações pélvicas.
Em resumo: renunciar/ não renunciar, sentir/não sentir a corrente de seu rio íntimo. Estamos aqui no centro da problemática rígida.
2) “eu vou à Índia para curar-me de eczema, tenho que encontrar um curador na montanha. Tem muitas cores”.
Sonho transferencial, vocês dirão e, além disso?
A sonhadora tem um corpo pesado, uma forma de obesidade entre a cintura e o joelho, uma escápula com corcunda de búfalo.
Está perdendo peso, a sexualidade se reativa. Antes do sonho, dançou salsa com um brasileiro em outro sonho erótico exibicionista FATAL!
Aqui o trabalho se opera com a extensão dos braços (a parte superior da montanha) com a expressão da necessidade (ser curada).
Finalmente no colchão ela vai soluçar com vibrações do ventre, agarrar minhas mãos de curador e sentir uma respiração ventral mais aberta.
Pedir e curar. Pedir para curar, curar para poder pedir.
Ou “como gozar das montanhas corridas”.
Mas isso talvez seja minha contratransferência!

A vantagem de uma tal metodologia é:
1) Não perder-se nos pormenores do sonho “tintim por tintim”
2) Evitar as interpretações aproximativas ou projetivas.
3) Permitir um trabalho energético modesto e algumas vezes genial.


Trabalhar um sonho é como embarcar com seu cliente, seguir as correntes de energia tão bem quanto mal, deixar o cliente na outra margem.
Sonhar é viajar através do espaço, do tempo, do corpo.

Conclusão.
Os dois principais mecanismos dos sonhos elaborados por Freud são: a condensação e o deslocamento. Totalmente por acaso, são as duas expressões energéticas fundamentas.
A nós cabe desdobrá-las, dar forma e movimento, porque no fundo “o sonho é maior que sua interpretação.” (Jean-Yves Monnat, biólogo bretão).
Sonho é pulsação, energia, movimento, emoção.
Deixem-nos sonhar!


Jean-Marc Guillerme
Ribeirão Preto, agosto de 2006.

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